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Degelo Do Ártico Acelera Aquecimento Do Clima Da Terra


da France Presse
em Nairóbi (Quênia) 07/02/2001 – 11h54

O degelo crescente do Ártico devido ao aquecimento do clima da Terra acelera este último fenômeno em uma espécie de círculo vicioso ao liberar ainda mais gases que provocam o efeito estufa, considerados os principais responsáveis pelas mudanças climáticas no planeta.

Esse é o estudo da situação apresentado pelos cientistas que, à espera de medidas completas e confiáveis, trabalham por ora com hipóteses catastróficas.

“O Ártico é uma zona na qual as mudanças climáticas vão criar problemas terríveis”, previu hoje, em Nairóbi, Svein Tveitdal, diretor de um centro do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNMA) dedicado à observação do degelo do “permafrost”, em Arendal (sul da Noruega).

Apesar de não dispor até agora de dados completos do fenômeno e de suas repercussões, segundo admite Tveitdal, os especialistas de sua equipe consideram que reuniram “provas suficientes” para alertar à comunidade internacional e tentar fazer com que a luta contra esse processo seja incluída nas prioridades do PNUMA.

“O aquecimento do planeta pode ser acelerado pelo fato de que as temperaturas em aumento no Ártico produzirão o degelo do ‘permafrost’ e liberarão para a atmosfera gases de Efeito Estufa”, advertiu o PNUMA, cujo conselho de administração reúne, desde segunda-feira passada, em Nairóbi, mais de 80 ministros do Meio Ambiente.

O “permafrost” é uma camada de solo quase impermeável impregnada de gelo e que representa 20% da superfície da Terra (no Ártico e Antártida). Ele é somente polar e está gelado perpetuamente em profundidade (às vezes até 1.000 m) e só degela parcialmente e na superfície no verão. No Ártico, essa zona cobre o Alasca, o norte do Canadá, todas as ilhas árticas e o norte da Sibéria.

Segundo os especialistas do PNUMA, as terras árticas contém 14% das matérias carbônicas armazenadas na Terra. “O ‘permafrost’ é um poço de carbono, particularmente de gases de efeito estufa, como o dióxido de carbono e o metano, o qual aprisiona há milhares de anos”, explicou Tveidtal.

“Mas agora existem provas de que já não é assim e que, em certas zonas, o ‘permafrost’ começa a liberar seu carbono. Isto pode acelerar o efeito estufa”, disse.

Há algum tempo circulam outras hipóteses comparáveis, mas ainda mais catastróficas. Tveidtal citou estudos científicos realizados no Alasca que prognosticam que, no final do século 21, a temperatura em certas zonas do Ártico serão 10ºC acima das atuais. Para o especialista, esta hipótese é extrema e alarmista.

Da mesma forma, um recente estudo de cientistas britânicos publicado na revista Nature estimou que o aquecimento das terras geladas do extremo norte do planeta poderão deixar escapar 455 gigatoneladas de gás carbônico encerrado no permafrost, com as consequências naturais para o aquecimento da Terra.

Segundo Tveidtal, danos recentes constatados em prédios, estradas, pontes e gasodutos do Alasca e da Sibéria são provas irrefutáveis do degelo que está ocorrendo.

É por isso que o PNUMA dá como exemplo a situação do permafrost para reiterar a imperiosa necessidade de aplicar o mais rápido possível o Protocolo de Kyoto, acordo internacional de 1997 sobre a redução das emissões de gases de efeito estufa, e que se encontra bloqueado porque os países firmantes não chegam a um acordo sobre suas modalidades de aplicação.

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